A Origem

A ORIGEM DO CHITÃO DOS POBRES

Tudo começou no ano 1948. Na época, há 15 anos se promovia o tradicional Chitão de Massapê, nas dependências do Centro Social Massapeense – clube cujas portas se abriam apenas e tão somente para “ricos & brancos” e com referência.

Não diferentemente do restante dos municípios brasileiros, em Massapê existia uma sociedade preconceituosa e racista – resquícios do Brasil Colônia e Brasil Império. Partindo do princípio de que existia o “Chitão dos Ricos”, porque não haveria de existir o “Chitão dos Pobres” Imbuído desse sentimento de justiça social, defendendo a igualdade entre as pessoas, Expedito Ferreira decidiu fundar o Chitão dos Pobres” realizado sempre no 3º sábado do mês de julho.

Essa edição primeira transcorreu nas dependências da sede da Prefeitura Municipal de Massapê, que, na ocasião, abrigava uma escola pública municipal. A animação daquela tímida festa junina, se deu por conta de alguns integrantes da banda de música do município, mesclada ao som da sanfona, pandeiro e zabumba, sem equipamento de som.

Vale ressaltar que até meados da década sessenta, de forma propositada os dois chitões eram realizados no mesmo dia e horário, exatamente para manter essa espécie de apartaid social, ou seja, ricos e brancos não se misturarem com pobres e pretos.

O tempo foi se passando e, por ironia do destino, durante uma década (1997 a 2007) ambas as festas foram realizadas no mesmo local, (o Centro Social Massapeense), ocasião que pobres & ricos e pretos & brancos se uniram e se divertiram na mais perfeita harmonia e respeito mútuo.

O repertório executado pelas bandas que animam o Chitão dos Pobres é de músicas tipicamente juninas, ou seja, o verdadeiro forró e, como sempre, com sorteio de vários prêmios para os dançarinos presentes, variando a cada ano, tais como: televisão, geladeira, bicicleta, fogão, ventilador, liquidificador, rack, celular, DVD, guarda-roupa, panela de pressão, cestas natura, etc., ofertados, via de regra, por comerciantes e políticos locais.

Diga-se de passagem, o Chitão dos Pobres” não tem cunho político e de pobre nada tem, pois, farta premiação sorteada dentre os presentes é marca registrada e pioneira do evento. Por ironia do destino o fundador do Chitão dos Pobres – Expedito Ferreira Sousa, carinhosamente conhecido por Expedito Galinha D’Água, faleceu dia 1º de julho de 2008 aos 84 anos, conquanto, a edição 60ª transcorreu dia 20 de julho do mesmo mês.

O maior forrozeiro que se tem notícias por essas bandas do nordeste brasileiro se despediu dessa vida terrena, homenageando a Nação Forrozeira Massapeense e além fronteiras, com “Bodas de Diamante”. O cortejo fúnebre transcorreu ao som da Banda de Música de Massapê. No sepulcro, a sanfona do Pipiu deu seu último adeus em Dó Maior.

Essa edição coincidiu com o retorno do Chitão dos Pobres para a quadra do Educandário Nossa Senhora do Carmo cedida gentilmente pelo seu proprietário, o educador Roberto Frota, após dez anos de realização nas dependências do Centro Social Massapeense, cujo presidente é o senhor Expedito Filho, a quem também somos gratos pelas respectivas concessões.

Tradição aliada à modernidade, em 2009 foi lançado o hino oficial do chitão com o título: www.chitaodospobres.com, parceria do forrozeiro Ferreirinha com o seresteiro Kung Fu, bem como o site do mesmo nome. Hoje o endereço eletrônico encontra-se nos seguintes endereços: www.chitaodospobres.com.br e www.massapevirtualblogspot.com .

Desde 2007 tendo em vista a saúde debilitada do senhor Galinha D’Água, seu filho Ferreirinha tomou frente à continuidade desse evento que faz parte integrante e está inserido no calendário festivo junino anual da cidade de Massapê.

O Chitão dos Pobres tem toda uma história e jamais poderia deixar de se realizar por quaisquer motivos. E, no sentido de preservar a nossa cultura regional, a tradição continua de pai para filho, de geração para geração…

Por Ferreirinha – abril/ 2010.