Luiz Cunha, homem conceituado, muito rico, político influente e figura destacada em nossa cidade, tido por muitos como homem decidido, em outras palavras, valentão e, diante dos seus quase dois metros de estatura impressionava por demais seus desafetos, se não bastasse as armas de grosso calibre que portava e transportava. Pois bem, início da década de cinqüenta, o nosso personagem principal, sem convite, decide fazer uma visitinha de surpresa ao “Chitão dos Pobres”. Desce do seu exuberante, caríssimo e até então único automóvel circulando em nossa cidade, um Ford preto, compra o ingresso e ao adentrar ao salão é barrado na porta pelo promovente do Chitão dos Pobres, senhor Expedito Ferreira. Confusão generalizada, empurra-empurra e bate-boca, o homem saca de uma arma, atira para o alto e esbraveja:

  • Eu vou entrar nessa “porra”!

E o promovente responde:

  • Luiz, você é muito meu amigo, mas para entrar no Chitão dos Pobres só passando por cima do meu cadáver!

Dada a consideração que ambos tinham um pelo outro, o nosso saudoso Luiz Cunha não pensou duas vezes, deu meia volta e foi-se embora.